A árvore Resedá-Gigante se espalha e chama atenção pelas ruas da capital mineira
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As flores chamam atenção e tomam conta de ruas e avenidas de Belo Horizonte neste período de primavera, sejam pelos ipês ou pelas quaresmeiras. Mas uma das árvores que também embelezam a Avenida Getúlio Vargas e mergulha parte da Região Centro-Sul em um tom lilás é a Resedá-Gigante.
Seu nome científico é Lagerstroemia speciosa, e, para além de suas fronteiras nativas asiáticas, a planta é muito comum no Brasil em outubro e novembro. E se manifesta em mais cores misturadas ao verde, como branco e rosa. Para quem olha de longe, sua textura lembra até um arranjo de papel crepom.
O jardim urbano cresce e não se contenta só com o lilás. O amarelo do ipê que flore do outro lado da avenida contrasta com as flores arroxeadas da Resedá. “Sempre aparece depois das chuvas, a avenida fica linda, e todo mundo que passa comenta”, diz Helder Lima, funcionário da clássica e quase centenária Sorveteria São Domingos, no Bairro Funcionários.
Especialista em botânica vegetal, Alexandre Duarte explica que esse período de chuvas contribui com o florescimento das plantas, pois sua taxa fotossintética muda conforme a presença de água.
“As flores consomem muita energia, então elas precisam pegar grande parte do que produz por meio da fotossíntese para produzi-las. Só que, sem água, fica mais difícil”, comenta.
Ele conta que, geralmente, elas surgem da quebra da dormência de gemas laterais, tecidos que se tornam folha ou flores. Além da água, um agente importante para a planta florescer são os polinizadores, que carregam o pólen de planta a planta.
Portanto, se trata de um combo: o tamanho dos dias que determinam a quantidade de luz, temperaturas e quantidade de água – a chuva, por exemplo.
A Resedá floresce neste período de dias mais compridos e noites curtas – o que estimula a produção de hormônios vegetais de floração – e cresce em temperaturas entre 10° e 41°; por isso se adequa ao clima tropical do país.
É uma espécie arbórea de médio porte, da família Lythraceae, que atinge entre 3 a 6 metros de altura e copa ampla, chegando a 3 m de diâmetro.
Ela também aparece no cruzamento entre as avenidas do Contorno e Raja Gabaglia. E não é só na Região Centro-Sul: a Oeste da cidade também ganha o colorido com uma sequência de Resedás podadas entre a fiação em frente a Fundação Ezequiel Dias, no Bairro Gameleira.
O verde também é patrimônio da capital
Arquiteto Urbanista da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Júlio De Marco conta que uma das árvores mais antigas da cidade está intimamente ligada à própria história de Belo Horizonte. Se trata de um ficus elástica, na sede do Museu Abílio Barreto, onde também está localizada a única construção remanescente do Arraial do Curral Del Rey, a sede da outrora Fazenda Leitão. Gigante, a árvore chama atenção por sua imponência e seu tamanho da copa.
Mas só em 5 de maio de 1898 é que foi iniciada oficialmente a arborização da cidade, sob orientação do engenheiro Bernardo Figueiredo, da Comissão Construtora da capital. De acordo com os registros do livro “Notas cronológicas de Belo Horizonte”, a primeira espécie foi a maçã-de-elefante, plantada na Rua Guajaras, mas hoje muito comum ao longo da Rua dos Timbiras, entre as avenidas Álvares Cabral e Afonso Pena. Na época foram, autorizados o plantio de 1.500 mudas.
Árvores por aqui ganharam até nome. Em 1914, um livro publicado pelo engenheiro Álvaro Astolpho da Silveira, o “Arborização de Bello Horizonte”, contava a história do plantio de árvores de BH. Nele, afirmava ter encontrado um exemplar ainda não identificado – batizado de Aspidosperma bello horizontinunn. A informação é de que essa árvore, da família da peroba, não tinha sido classificada não procedia; com isso a cidade perdeu a oportunidade de ter de fato e de direito uma árvore batizada em sua homenagem.
Fonte: Estado de Minas