Discussão sobre a continuidade do trabalho remoto tem gerado polêmica entre empresários e trabalhadores
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Em meio à pandemia, o home office tornou-se uma realidade para milhões de trabalhadores ao redor do mundo. O modelo, que vinha ganhando espaço antes da crise sanitária, foi adotado em larga escala e, para muitos, se mostrou eficiente, já que perpetua até os dias de hoje. A discussão sobre a continuidade do trabalho remoto tem gerado polêmica entre empresários e trabalhadores, mas, considerando as evidências, o formato não se mostrou somente uma alternativa, mas sim um benefício para o futuro do trabalho.
A flexibilidade proporcionada pelo home office é um dos principais pontos a favor desse modelo. Ao eliminar a necessidade de deslocamento diário, os funcionários ganham mais tempo para si mesmos, para suas famílias e outras atividades. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional impacta diretamente na saúde mental e no bem-estar dos colaboradores, que conseguem cumprir suas demandas com maior desempenho. O que é melhor para uma corporação do que um profissional engajado?
O trabalho remoto também é um parceiro importante no aspecto da inclusão. Permitindo que especialistas de diferentes regiões atuem em uma mesma empresa, é possível ampliar as oportunidades de contratação e promover a diversidade. Com a alta nas discussões de ESG, essa é uma maneira de promover práticas sustentáveis, colaborando com a reputação do negócio no mercado e abrindo portas para pessoas experientes.
É preciso reforçar que a implementação do formato também demanda adaptações por parte das organizações. Estabelecer políticas claras, definir horários de trabalho, metas e prazos, para garantir o cumprimento das tarefas é fundamental. Já os investimentos em tecnologia e segurança da informação são essenciais para proporcionar as ferramentas necessárias ao time e certificar que os dados da empresa estejam protegidos.
Falando sobre a mobilidade urbana, o home office ainda ajuda a reduzir o tráfego nas cidades e contribui para a diminuição da poluição e dos congestionamentos. As vantagens vão para nós e também para o meio ambiente. É incoerente tirar uma possibilidade, mesmo que pequena, de ajudar o planeta, levando em consideração o momento em que se encontra o ecossistema.
A resistência de alguns empresários em relação ao trabalho remoto muitas vezes está relacionada a uma cultura de controle e presença física como sinônimos de produtividade. A pandemia comprovou muitas teorias e uma delas é que é possível manter o desempenho mesmo a distância, desde que haja confiança, comunicação eficiente e processos bem estruturados. O relatório da Pulse Of The Profession 2024 do Project Management Institute (PMI) indicou que 73,2% dos profissionais são eficientes neste regime.
Sendo assim, os líderes precisam estar abertos ao diálogo e dispostos a avaliar as necessidades de suas equipes. Isso não é uma tendência e sim uma obrigação. O futuro do trabalho é flexível, mas cabe às empresas se adaptarem a essa realidade, criando ambientes que valorizem a autonomia e a qualidade de vida dos colaboradores. Quanto antes o formato remoto for aceito como uma oportunidade de evolução, em vez de resistência a uma mudança inevitável, melhor será.
Fonte: Diário do Comércio