A arrecadação federal vem registrando recordes sucessivos, mas contrasta com a expansão dos gastos da máquina pública

Foto: Adriano Machado/Reuters

O governo federal aposta que vai atingir a meta de déficit zero em 2025 por meio do aumento de impostos. A arrecadação federal vem registrando recordes sucessivos a cada mês, refletindo a política do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de recomposição da base tributária. Entretanto, não haverá aumento de receita suficiente para compensar a desenfreada expansão dos gastos públicos, que gera um buraco sem fundo.

De janeiro a agosto, o déficit das mais de 100 empresas estatais federais chegou a R$ 3,3 bilhões e a previsão do próprio governo é que elas encerrem 2024 com rombo de R$ 3,7 bilhões. Especialistas alertam que o descontrole nas contas das estatais compromete a credibilidade do País e o esforço em sanar as despesas públicas. Diante de cenário de incertezas em relação ao equilíbrio fiscal, o ambiente de negócios torna-se negativo e os investidores estrangeiros ficam receosos de alocar recursos no Brasil.

Na sexta-feira (25), em evento do Bank of America em Washington, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Renato Gomes, alertou que uma série de fatores suscita preocupações com a política fiscal do governo, argumentando que ingredientes recentes nessa área assustaram o mercado. Ele apontou a previsão de aumento do déficit de empresas estatais por meio da aceleração de investimentos dessas companhias por fora do arcabouço fiscal. Segundo o diretor da autarquia, o mercado está inquieto com a possibilidade de o governo não atingir a meta fiscal de déficit zero de 2025.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) traçou um cenário mais sombrio para as contas públicas no Brasil em meio a temores quanto aos riscos de uma crise fiscal. O organismo projeta que o peso da dívida pública no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro salte mais de dez pontos percentuais durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E permanece cético quanto às chances de o governo entregar a casa em ordem, ou seja, com superávit primário, o que deve ocorrer somente a partir de 2027.

O Brasil vem registrando indicadores econômicos bastante positivos neste ano, como baixo desemprego, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das expectativas e inflação controlada, apesar da alta nos últimos meses. Entretanto, o desequilíbrio fiscal cria um cenário de insegurança, refletindo na decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros e no temor do mercado financeiro e de organismos internacionais, como o FMI, de o governo federal não conseguir fechar as contas no azul. Forma-se um círculo vicioso de receitas e despesas que não se alinham no Orçamento da União. Em suma, o preço do déficit público é pago por toda a sociedade.

Fonte: Diário do Comércio

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