Índice trabalha com dados dos últimos oito anos

Foto: Adobe Stock / Reprodução

Belo Horizonte ocupa a oitava colocação entre as capitais brasileiras no Índice de Desenvolvimento Potencial da Economia Criativa (IDpec), elaborado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Entretanto, a capital mineira caiu duas posições no ranking geral em relação a 2019, saindo de 0,67 para 0,62.

A pesquisa utilizou o método min-max para comparar as cidades em uma escala de 0 a 1 e estima o potencial das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal de crescer economicamente com base em negócios ligados à chamada Economia Criativa.

O índice trabalha com dados dos últimos oito anos. Florianópolis, capital de Santa Catarina, aparece em primeiro lugar. Já em último, está Cuiabá, do Mato Grosso.

De acordo com o coordenador do Programa de pós-graduação em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da ESPM, João Luiz de Figueiredo, a ferramenta pode ajudar no planejamento de políticas públicas, de forma a auxiliar as cidades brasileiras a se prepararem para assumir a vanguarda da economia criativa e fazer da área um de seus grandes motores de crescimento.

Sobre Belo Horizonte, ele diz que a Capital tem uma economia criativa forte e desenvolvida, que desempenha um papel importante para a dinâmica econômica da cidade. “O IDpec, portanto, está identificando como que isso pode ser melhor desenvolvido no futuro. É como se a gente identificasse que algumas condições estão travando o melhor desenvolvimento da economia criativa da cidade”, explica.

O coordenador do programa ainda diz que este não é um índice para medir qual cidade tem a maior economia criativa do momento. Na verdade, a ferramenta identifica qual cidade tem melhores condições para desenvolver esta economia.

Trata-se de uma economia que apresenta cada vez mais um papel determinante e que tem se tornado um diferencial no mundo globalizado. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que empresas ligadas à economia criativa devem criar 1 milhão de empregos adicionais no Brasil até 2030. E no mundo, segundo a Unesco, a economia criativa gera uma renda anual de US$ 2,2 bilhões aos profissionais envolvidos com suas atividades.

De acordo com o professor-pesquisador do Mestrado em Economia Criativa da ESPM Diogo Robama, que também participou da elaboração do índice, ela está no contexto da inovação. “Estamos contribuindo para entender como negócios criados em uma local podem potencializar aquela região. Isso porque num mundo em que os recursos são cada vez mais escassos, a gente precisa de criatividade para gerar riquezas”.

Confira o índice das dez cidades com maior potencial para economia criativa:

1- Florianópolis (SC) – 0,91
2- Vitória (ES) – 0,83
3- Curitiba (PR) – 0,76
4- São Paulo (SP) – 0,72
5- Brasília (DF) – 0,71
6- Palmas (TO) – 0,66
7- Goiânia (GO) – 0,66
8- Belo Horizonte (MG) – 0,62
9- Porto Alegre (RS) – 0,61
10 – Cuiabá (MT) – 0,60

Índice mede três dimensões de variáveis 

Criado dentro do Mestrado Profissional em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da escola, o índice trabalha com dados dos últimos oito anos e avalia variáveis em três dimensões: Capacidades Humanas, Atratividade e Conectividade Espacial e Ambiente Cultural e Empreendedorismo Criativo.

Dentro do quesito Capacidades Humanas são analisadas o número de pessoas com ensino superior, a qualidade da educação básica e o orçamento público para o setor de educação. No quesito Atratividade e Conectividade Espacial as variáveis são a segurança urbana, a conectividade digital e a área do município. No terceiro e último, Ambiente Cultural e Empreendedorismo Criativo são analisados o orçamento público para cultura, empreendedorismo e o índice de governança municipal.

Neste primeiro ranking, Florianópolis, capital de Santa Catarina, aparece como a capital mais preparada para desenvolver negócios criativos e se beneficiar economicamente de geração de empresas ligadas a atividades como moda, audiovisual, cinema, software, games, eventos, entre outros. Na sequência, estão Vitória, no Espírito Santo, e Curitiba, no Paraná. O Rio de Janeiro ficou na 19ª posição no ranking geral. São Paulo, na quarta e BH, na oitava.

Quando analisados os resultados de Belo Horizonte, Figueiredo identifica que em duas dimensões, a capital mineira piorou comparativamente às outras capitais. “É sempre importante entender que esse é um índice comparativo, então a gente está comparando as cidades”, ponderou.

Na dimensão Capacidades Humanas, Belo Horizonte melhorou, ou seja, o resultado nos condicionantes da economia criativa relacionados à qualificação pessoal, Belo Horizonte melhora, mas na dimensão Atratividade e Conectividade Espacial e na dimensão Ambiente Cultural e Empreendedorismo criativo, o resultado foi pior do que em 2019, segundo o coordenador da pesquisa.

Ele avalia que na dimensão, sobre Atratividade e Conectividade, o que se observa é que a pior performance do Belo Horizonte, o que fez ela ter um resultado pior, foi o aumento da taxa de homicídios. O quesito Segurança Urbana considera a taxa de homicídios por 100 mil pessoas e Belo Horizonte passou de 27,66 em 2019, para 34,46, em 2023.

Já o índice que avalia a governança municipal, que considera dados de finanças e gestão, Curitiba ocupa o primeiro lugar no ranking com 7,79 pontos, seguida por Belo Horizonte (7,45) e Salvador (7,06).

“É importante realçar que o ranking é comparativo. Ou seja, ao longo dos quatro anos, Belo Horizonte não avançou em algumas variáveis analisadas, como as demais capitais, mas se desempenhou melhor em outras”, ressalta Robama.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi procurada para comentar os dados, mas não se manifestou até fechamento desta edição.

Fonte: Diário do Comércio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *