Cidade revive efervescência com a abertura de programas setoriais e a constituição de hubs

Foto: Reprodução Freepik

Nascida sob a égide do Positivismo – corrente filosófica que defende o conhecimento científico como a única forma de conhecimento válido -, Belo Horizonte logo apresentou sua vocação para uma cidade voltada, não só para os tratamentos de saúde, como para a inovação nesse campo, quando essa palavra sequer existia.

A herança deixada pela abertura da Santa Casa (1899), a criação da Escola Livre de Odontologia (1907), a Faculdade de Medicina (1911) – hoje parte da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) -, pelos sanatórios para o tratamento da tuberculose, na década de 1920, entre outros fatos, colocaram a cidade como destino de médicos, professores e cientistas.

Passado mais de um século, a cidade revive o período de efervescência com abertura de programas de inovação em grandes hospitais públicos e privados e a constituição de hubs de inovação aberta envolvendo grandes atores da saúde e ciências da vida, startups, academia, poder público e investidores.

Na Santa Casa de Belo Horizonte (SCBH), na região Leste, o programa Órix Lab conta com frentes de atuação com foco em digitalização de processos, inteligência artificial e monitoramento remoto. O objetivo do Órix é conectar as empresas, startups, tecnologias e pessoas aos desafios do Grupo.

De acordo com o head de Inovação da SCBH, Bruno Nascimento, o programa busca envolver toda a comunidade do Grupo Santa Casa no processo para propor soluções inovadoras para os problemas do dia a dia, gerando impacto no atendimento aos diversos públicos da instituição.

Para isso, uma das frentes é o projeto “Santa Ideia”, que coleta sugestões de inovação dos funcionários da Santa Casa BH. As mais de 500 ideias já apresentadas variam desde a otimização de recursos até a criação de novos serviços.

“Gosto do conceito de que inovação é explorar boas ideias com sucesso. Perguntamos sempre o que podemos fazer para gerar um novo valor. Escolhemos o Órix (animal do grupo dos antílopes que vive na África) porque ele já foi declarado extinto duas vezes mas segue não dizimado. Assim também é a Santa Casa. Nosso objetivo é dar capilaridade à cultura de inovação. São 7 mil colaboradores, então, precisamos de uma coordenação e de indicadores para construir uma base. Hoje o comitê tem 48 pessoas representando os setores da instituição”, explica Nascimento.

Uma das ideias vindas do projeto é a “Impressão em 3D de modelos anatômicos para punção venosa”. Apelidada como “mãozinha”, o modelo, através de técnicas de necromaquiagem, reproduz a diversidade de tons e texturas das peles brasileiras em contraposição aos modelos importados sempre brancos. A inovação também foi capaz de reduzir o custo de R$ 2 mil do importado, para R$ 70, no produzido na Santa Casa.

“O objetivo da Santa Casa é levar saúde de ponta para todos, não só para os nossos. Pensamos em diversidade e, com muito carinho, no SUS. 80% da população depende exclusivamente dele. O futuro de BH é ser uma cidade que produz conhecimento e tecnologia em saúde. Queremos criar um movimento baseado na teoria dos vasos comunicantes, em que todo mundo suba junto”, ressalta o head de Inovação da SCBH.

Na mesma região da cidade, a Unimed-BH lançou, recentemente, o Horizontes Hub, seu projeto de inovação aberta. O espaço é dedicado à troca de conhecimento e experimentações e funciona, ainda, como residência para startups que atuam no setor de saúde.

Especializada em transformação digital e parceira da Unimed-BH em vários projetos, a Framework também se uniu ao Horizontes Hub. Para o Chief Revenue Office (CRO) da Framework, Daniel Diniz, a empresa tem muito a contribuir pela capacidade de identificar oportunidades de aplicar tecnologia.

“Participar do Horizontes é uma oportunidade de trabalhar em conjunto com diferentes empresas e encontrar soluções para problemas que uma empresa sozinha não conseguiria. Vivemos um bom momento que, na verdade, vem sendo construído há muito tempo em Belo Horizonte. A constituição desses hubs mostra isso e à medida que cada um encontre a sua vocação eles poderão compartilhar projetos entre si, tornando o ecossistema de inovação em saúde da cidade ainda mais dinâmico, acelerando e tornando mais barato o processo de inovação”, avalia Diniz.

Biominas e Himedia abrem laboratório de Biologia Molecular para promover inovação em saúde

O ecossistema de inovação em saúde mineiro comemora a chegada de um moderno laboratório de Biologia Molecular, fruto da parceria entre o Biominas e a multinacional Himedia. O espaço oferece uma infraestrutura de qualidade para o desenvolvimento de startups e pesquisas que utilizam a biologia molecular, além de apresentar ao mercado as soluções da Himedia em automação genômica, proteômica e sequenciamento.

De acordo com a responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Biominas, Rafaela Pereira, o laboratório vai permitir que pesquisadores, startups e empresas brasileiras tenham acesso aos melhores equipamentos utilizados em pesquisas em biologia molecular a preço de custo, democratizando e acelerando o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos.

Para ter acesso, pesquisadores e empresas devem entrar em contato com o Biominas por e-mail. A partir disso, será disponibilizado um formulário para que a demanda seja detalhada. O pedido será avaliado sob a perspectiva de disponibilidade e efetividade dos equipamentos e também de segurança biológica.

“A partir dessa avaliação vamos conversar com o pesquisador para alinhar as necessidades dele com o que podemos oferecer. Havendo compatibilidade, abrimos a agenda para escolher as datas e horários convenientes para ele. Além dos equipamentos em si, ele vai contar com uma equipe treinada pelo Himedia e também com o pessoal do Biominas para auxiliá-lo”, destaca Rafaela Pereira.

Segundo o vice-presidente da Himedia para América Latina e Caribe, Ricardo Garcia, o projeto com a Biominas levou em consideração a estrutura e perfil da instituição mineira e a força do ecossistema de inovação em saúde de Belo Horizonte.

“Desenhamos esse projeto há cinco anos, mas a pandemia acabou retardando a implantação. Belo Horizonte é uma praça importante, com ecossistemas de inovação e de saúde fortes. Estar aqui é uma grande oportunidade de apresentarmos nossos equipamentos e soluções para um público gabaritado e também de participarmos do desenvolvimento de pesquisas relevantes para o Brasil e para o mundo. A Himedia é uma empresa familiar criada por cientistas. O apoio ao desenvolvimento tecnológico está na nossa essência”, afirma Garcia.

O valor total de mercado estimado dos equipamentos que formam o laboratório é de R$ 500 mil. A expectativa é que laboratórios de outras áreas de atuação da Himedia sejam montados na América Latina a partir do modelo criado em Belo Horizonte.

“O nosso diretor esteve na inauguração e já vislumbrou a oportunidade de outros laboratórios no próprio Biominas. Esse é um primeiro passo. Acredito que podemos abrir, a partir de Belo Horizonte, uma nova era para a Himedia, participando ativamente dos espaços de inovação em saúde na América Latina”, pontua o vice-presidente da Himedia.

Fonte: Diário do Comércio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *