Cidade acumulou 32 toneladas de galhos e lama; reparo na Silva Lobo depende de intervalos sem chuva

Na avenida Silva Lobo, na região Oeste, asfalto está sendo reparado após erosão | Foto: Alex de Jesus / O TEMPO

Uma cidade tomada por toneladas de galhos e lama, onde trafegar por vias importantes é arriscado devido a alagamentos, erosões no asfalto e deslizamentos de terra. Faltam luz e água em bairros após um temporal de duas horas. O cenário descreve Belo Horizonte depois das chuvas intensas que atingiram a capital no final de semana (26 e 27 de outubro). Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, é chegada a ‘conta’ das ondas de calor de setembro. O temporal deixou oito das nove regionais de BH em risco geológico – com possibilidade de deslizamentos de terra e erosões –, e a capital está sob alerta para inundações pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Agora, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalha na reconstrução dos trechos danificados, em meio a novas previsões de chuva.

“O primeiro trabalho após um temporal é desobstruir as vias, seja pela limpeza de entulhos deixados pela chuva, seja pela remoção de árvores caídas. O foco é liberar o trânsito. Depois, é necessário recuperar os locais onde ocorreram erosões. Também é intensificado o trabalho de limpeza das tubulações e bueiros para evitar novas inundações”, detalha o subsecretário da Subsecretaria Municipal de Zeladoria Urbana (Suzurb), Leonardo Gomes. A prefeitura recolheu 32 toneladas de resíduos após o último temporal – volume que equivale a empilhar 32 carros Ford Fiesta, mas em galhos e lama. Ao menos 20 árvores caíram. 

Na avenida Silva Lobo, na região Oeste, onde parte do asfalto se desprendeu, formando buracos em um trecho de cerca de 30 metros, a previsão é de que o pavimento seja reconstruído em algumas horas. Como é necessário um intervalo sem chuva, no entanto, o prazo pode se estender até domingo (3 de novembro). De acordo com Gomes, apesar dos estragos, o temporal não demandou novas obras pela cidade. “Todas as ocorrências fazem parte da rotina de manutenção de BH durante o período de chuvas. No caso da erosão, demolimos o asfalto danificado e agora vamos reconstruí-lo. Dá para confiar: o novo pavimento vai suportar a chuva, pois a prefeitura realiza testes em laboratório e faz análise do material. Não é ‘maquiar’ o problema”, garante.

Reconstrução é desafiada por novas previsões e risco geológico 

Na capital, nos primeiros 11 dias do período chuvoso, já choveu mais do que o dobro da média histórica de precipitação para o mês de outubro (110,1 mm). Só na região Oeste, foram registrados 334,4 mm de chuva desde o início do mês, o que representa 303,7% do esperado. E o volume de água deve continuar a aumentar nos próximos dias. “Durante esta semana, a previsão é de pancadas de chuva todos os dias, especialmente à tarde e à noite. Como será uma chuva contínua, não se espera tanta intensidade quanto a registrada no sábado. No entanto, como o solo está saturado, o risco de deslizamentos de terra aumenta, exigindo maior atenção nas áreas vulneráveis”, alerta o meteorologista Ruibran dos Reis.

Com 90% das regionais em risco geológico, a Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu uma série de orientações para evitar tragédias. “Tivemos grandes volumes de chuva, e oito regionais entraram em risco geológico. O risco está associado à instabilidade do solo provocada pelas enchentes, o que pode resultar em desabamentos de moradias, quedas de muros, deslizamentos de encostas e quedas de árvores. Evitem permanecer em locais de risco, principalmente à noite. Façam a limpeza de calhas e grelhas como parte de uma manutenção preventiva”, orienta o Coronel Waldir Figueiredo, subsecretário de Proteção e Defesa Civil de BH.

O alerta é um desafio a ser enfrentado enquanto a cidade ainda se recupera das últimas chuvas. O reparo no asfalto da avenida Silva Lobo é um dos que dependem de uma pausa nas precipitações. “Se continuar chovendo, ficará mais complicado. É preciso, no mínimo, de uma estiagem de algumas horas”, afirma Leonardo Gomes, da Suzurb. Um cenário ainda pior seria se os deslizamentos de terra causassem perdas humanas. Sobre isso, Gomes destaca que a prefeitura realiza um trabalho preventivo junto às comunidades mais vulneráveis. “É a parte educativa da prevenção às chuvas. A Defesa Civil realiza um treinamento com as pessoas que vivem em áreas de maior risco sobre o que fazer e o que não fazer durante o período chuvoso. Isso salva vidas”, acrescentou.

Chuva extrema é a ‘conta’ da maior seca em 60 anos  

O meteorologista Ruibran dos Reis reforça que o temporal que assolou Belo Horizonte no fim de semana é resultado de mais de 170 dias de estiagem – a maior da capital desde 1963. Segundo ele, as condições de seca, acentuadas por ondas de calor contínuas, ajudam na formação de nuvens de tempestade. “Essa chuva extrema era esperada. A capital registrou temperaturas muito elevadas nos últimos meses e, com a chegada da frente fria, isso culminou em um grande volume de água em poucas horas”, explica.

Dos Reis reforça que, ao contrário do ano passado, quando o país estava sob a influência do El Niño, neste período chuvoso as chuvas são marcadas pelo La Niña, embora “em menor intensidade”. “Este outubro está diferente do ano passado. Em 2023, o mês registrou ondas de calor, enquanto este ano já tivemos mais de uma frente fria no Estado. As chuvas sofrem influência do La Niña, de fraca intensidade, mas que aumenta o volume de água e torna as precipitações mais contínuas. Novembro já começa bastante chuvoso”, diz.

Recomendações para o período chuvoso

A Defesa Civil de BH recomenda que, se a população observar alguns dos sinais abaixo, deve sair imediatamente do imóvel e acionar o Disque 199. Em caso de emergência, deve ligar para o Corpo de Bombeiros Militar (193).    

Sinais de que deslizamentos podem acontecer    

Durante a chuva: 

Fonte: O Tempo

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