A parceria da Pastoral de Rua com o Sistema Ocemg permitiu expandir o negócio de produção de alimentos para a população em situação de rua de BH

A PBH buscou o apoio do Sistema Ocemg, que atuou na elaboração do estatuto, da ata de constituição e promoveu a capacitação dos cooperados para atuar como cooperativa | Crédito: Agência Brasil/Tânia Rêgo

O Sistema Ocemg (formado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais) e a Pastoral de Rua, da Arquidiocese de Belo Horizonte, estão impulsionando o empreendedorismo social e a economia criativa com a cooperativa de lanches Sabor do Canto, na capital mineira.

A iniciativa surgiu como resposta às necessidades emergenciais das pessoas que vivem em situação de rua na cidade. Tudo começou com o trabalho de um grupo focado na produção de alimentos para atendimento nos Centros de Referência da População de Rua (Centro Pop) de Belo Horizonte, que acabou se desenvolvendo e culminando na fundação da Cooperativa de Trabalho Solidária Sabor do Canto (Cotrassb).

Membro e conselheiro fiscal do projeto, Roger Henrique da Costa Alexandre, destaca que o modelo cooperativista foi o formato mais adequado para desenvolver o empreendedorismo social. Segundo ele, foi assim que surgiu o Sabor do Canto, que funciona, atualmente, na sede da Pastoral de Rua, no bairro Floresta, região Leste de BH. Ali, já são produzidos cerca de mil lanches por dia, e a expectativa é de expandir a produção.

“Decidimos montar uma cooperativa porque era o modelo que mais se encaixava no trabalho social que desenvolvíamos e porque daria oportunidade para a entrada de outras pessoas. O Sistema Ocemg foi um padrinho deste projeto e, desde o início, tem dado capacitação e apoio na formalização e em todas as questões que envolvem o funcionamento de uma cooperativa”, relembra Alexandre.

A cooperada Fabiana Cristina Fernandes também foi impactada pela projeto. Ela conta que entrar para o cooperativismo foi uma virada de vida. “Fui para a rua aos 16 anos, e criei meus 7 filhos assim. Graças a Deus, conheci a Pastoral e conheci o projeto de economia solidária. Comecei a trabalhar na produção de lanches para assistidos, durante a pandemia. Antes de entrar para a cooperativa, minha fonte de renda era puxar carrinho, na reciclagem”, conta.

Dados de um levantamento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), apontam que, atualmente, 5.344 pessoas vivem em situação de rua na Capital, das quais 58,5% vieram de outras cidades.

O cooperativismo como poder transformador na comunidade

Também do Sistema Ocemg, o Programa +Coop Desenvolvimento Sustentável, por exemplo, lançado em 2018, é um vetor de mudança social, promovendo o cooperativismo como meio para desenvolvimento sustentável e inclusão socioeconômica.

A ideia é alinhar os valores do cooperativismo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, enfatizando não apenas a prosperidade dos cooperados, mas também:

Toda a implementação da cooperativa de lanches ocorreu em cinco etapas:

Além da Sabor do Canto, o Sistema Ocemg tem fomentado também o desenvolvimento de outras cadeias produtivas pelo Estado, como é o caso das comunidades que produzem o queijo Cabacinha, no Vale do Jequitinhonha, e da produção de tilápias, em Morada Nova de Minas, na região Central do Estado.

Fonte: Diário do Comércio