Decisão causa indignação e apreensão quanto ao crescimento da economia brasileira e do setor produtivo

Crédito: Reprodução Adobe Stock

Entidades empresariais mineiras manifestaram nesta quarta-feira (29) repúdio frente ao novo aumento da taxa básica de juros, a Selic, definindo pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em um ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Apesar de a elevação já ter sido sinalizada na última reunião do colegiado, em dezembro de 2024, numa espécie de “crônica da alta anunciada”, a decisão causa indignação e apreensão quanto aos impactos adversos como a redução no crescimento da economia brasileira e o freio nos investimentos do setor produtivo.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, reconhece a importância do controle da inflação para a estabilidade econômica. Entretanto, ele manifesta grande preocupação com os impactos negativos do aumento dos juros. Nessa direção, Roscoe observa que “a elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira, especialmente em um contexto em que o ‘custo Brasil’ já é excessivamente alto, com gargalos logísticos, carga tributária elevada e crédito caro”.

Além disso, segundo ele, essa medida pode agravar a já esperada desaceleração econômica, prejudicando a geração de empregos, a renda das famílias e a própria arrecadação do governo. Flávio Roscoe aponta também que a taxa básica de juros em patamares tão elevados compromete as empresas que contraíram empréstimos bancários durante a pandemia para mitigar os efeitos econômicos da crise.

O presidente da Fiemg reforça a necessidade de uma política fiscal devidamente alinhada à política monetária, de modo a garantir maior equilíbrio e eficiência na condução da economia. “É essencial implementar medidas que não apenas mantenham a inflação sob controle, mas também contenham os gastos públicos, preservem o ambiente de negócios, estimulem investimentos produtivos e promovam o crescimento econômico de maneira sustentável”, ressalta.

Decisão do Copom pode gerar inibição no consumo

Apesar de estrategicamente correto para conter a inflação, o aumento da taxa Selic não foi bem recebido pelo setor de comércio e serviços da capital mineira. Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, o quarto reajuste consecutivo pode inibir o consumo além do necessário.

“Entendemos que essa estratégia é para coibir a inflação, já que, no momento, temos um mercado de consumo aquecido pelo pleno emprego e resiliência das atividades econômicas. O receio é que esse freio ao consumo seja além da conta e prejudique o comércio, maior gerador de empregos da cidade”, avalia Souza e Silva.

Segundo o dirigente, a previsão de juros mais altos por mais tempo, já anunciada pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deixa o setor em alerta. “A Selic chega em seu maior patamar desde 2023. Estimam ainda que, em 2025, chegue a 15%. A ampliação do período de aumentos pode impactar o comércio, já que o reajuste pesa no bolso do consumidor, reduz o acesso ao crédito e limita o consumo”, argumenta.

A alta da Selic provoca efeitos negativos como redução do consumo, aumento dos custos operacionais das empresas, crédito mais caro, desaceleração econômica, enfim, impactos que já vêm sendo sentidos devido às elevações anteriores da taxa. Sem falar do varejo, que continua trabalhando com margens apertadas, que ameaçam sua sobrevivência. A advertência foi feita pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG), por meio de nota.

Fonte: Diário do Comércio

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