Artista de 86 anos, que morou por seis anos no Brasil, fala que deseja voltar ao país para viver

Atemporal. Para Dionne Warwick, sempre haverá um casal apaixonado querendo ouvir boas baladas
Foto: SISTEMA

Pode parecer conversa de artista gringa para agradar o público, mas não é o caso de Dionne Warwick. A cantora norte-americana de 83 anos diz que ama o Brasil e que adora cantar aqui. “Me sinto uma brasileira”, diz, em entrevista por videochamada ao O TEMPO.

A afirmação dela encontra respaldo na realidade. A diva que conseguiu fazer como ninguém uma mistura fina entre pop, gospel e R&B morou por seis anos entre Rio de Janeiro (RJ) e em Salvador (Bahia) e só deixou o país porque precisou cuidar da mãe. “O Brasil me acolhe e me abraça. O povo sempre foi maravilhoso”, atesta. 

Agora, de volta às terras tupiniquins para a turnê “One Last Time”, que passa por Belo Horizonte nesta sexta-feira (25), Dionne afirma que quer viver aqui novamente. Mas antes disso ela precisa superar um desafio.

“Eu tenho tentado aprender o português há anos, mas é uma língua muito difícil. É muito mais fácil cantar em português do que falar. Mas eu não terei escolha: terei que aprender a língua. Prometo”, garante. Até mesmo porque, para ela, o “português é a língua dos músicos.”

Quando morou aqui, Dionne se aproximou de muitos artistas, como Gal Costa. Em 2009, elas saíram em uma miniturnê pelo Brasil, cantando clássicos de ambas.

“Gal foi uma das minhas amigas mais queridas que conheci muitos anos atrás”, revela. Antes disso, a artista já tinha dado provas da afeição ao país, quando gravou “Aquarela do Brasil” (1994), disco em que interpretou canções de Tom Jobim, Ary Barroso, Tom Jobim, Chico Buarque, dentre outros.

Ao longo da vida, seguiu gravando músicas com participações de outros grandes nomes, como Milton Nascimento, Djavan e Ivan Lins. Foi com este último, a propósito, que fez a mais recente gravação com um brasileiro.

Os dois cantam juntos “Começar de Novo”, escrita por Lins. Ela em inglês, ele, em português. “A lista de amigos brasileiros é grande, como Ivan Lins, Gilberto Gil, Tom Jobim… Eles são muito queridos e me disseram: ‘nós amamos a música que você faz.’ Isso significa muito para mim”, emociona-se.

Dionne vai continuar cantando

Por mais que o nome da turnê, “One Last Time”, pareça um prenúncio do fim da carreira, Dionne Warwick garante que não vai parar de cantar, apenas diminuir o ritmo. “Sinto que, depois de 60 anos viajando pelo mundo fazendo turnês, é hora de desacelerar. Agora, eu seleciono os lugares pelos quais eu vou passar e o tipo de turnê que quero fazer. Tenho me tornado mais seletiva”, revela.

Esta é a segunda vez que Dionne passa com “One Last Time” pelo Brasil. Em 2023, ela cantou em Curitiba, no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo. Agora, além de Belo Horizonte, cidade que inaugura a série de shows, a artista também passará por São Paulo (26) e Rio de Janeiro (27).

Em seu repertório, estão clássicas como “Walk on By”, “I’ll Never Fall in Love Again”, “That’s What Friends Are For” e “Heartbreaker” e muitas outras, boa parte composta pela dupla Burt Bacharach e Hal David, parceira de Dionne desde o início de sua carreira.

“Sinto que tenho sido capaz de cantar canções que todo mundo gosta. Esta é a beleza da minha performance. É claro que as pessoas têm suas músicas preferidas, mas me sinto muito feliz e afortunada de poder cantar músicas que as pessoas parecem adorar. Isso me faz me sentir bem”, acentua.

A sensação de cantar músicas que todo mundo gosta também vem da crítica e do público. Dionne Warwick acumula seis Grammy e tem mais de 100 milhões de discos vendidos.

Em um dos seus mais recentes louros, entrou para o Hall da Fama do Rock, museu dedicado ao rock e outros estilos, em Cleveland, nos Estados Unidos.

“Essa homenagem significa muito para mim, porque é uma honra ser reconhecida, basicamente, por um trabalho que eu fiz. A apresentação no Hall da Fama do Rock também foi maravilhosa, tive oportunidade de fazer uma performance com Jennifer Hudson, e foi lindo ver todo mundo cantando comigo”, relembra.

Artista virou trend do Tiktok com sample de Doja Cat

Dionne Warwick fez muito sucesso entre os anos 60 e 80 com suas baladas, mas recentemente uma de suas músicas voltou a estourar. Trata-se da canção “Walk On By”, de 1964, que virou trend nas redes sociais. Doja Cat usou sample da música de Dionne como base de “Paint The Town Red”, hit que figurou em primeiro lugar na Billboard, cujo clipe já teve mais de 280 milhões de reproduções no YouTube.

Dione conta que acha “absolutamente maravilhoso” saber que sua música tem sido ouvida pelas novas gerações. “Estou tão feliz em saber que meus bebês (como ela chama seus fãs jovens) finalmente estão descobrindo uma música realmente boa e que elas estão escolhendo minha canção para fazer parte do dia a dia deles. É muito divertido e estou, a cada dia, aprendendo mais com eles”, aponta.

Quando lança um olhar sobre a própria carreira, Dionne se sente satisfeita e entende que está apenas sendo reconhecida pelo trabalho que fez ao longo de 60 anos. “As pessoas estão dizendo que mereço ser aplaudida fortemente pelo meu trabalho, que estão gostando ainda mais de mim. Então, fico à vontade para continuar cantando pelo resto da minha vida. Sinto-me muito feliz com tudo isso”, assegura.

SERVIÇO
O quê. Dionne Warwick se apresenta na turnê “One Last Time”
Quando. Sexta (25), às 21h, com abertura da casa às 20h 
Onde. Grande Teatro do BeFly Minascentro (avenida Augusto de Lima, 785, centro)
Quanto. Ingressos a partir de R$ 260, no site Ticket 360

Fonte: O Tempo

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