No Dia Internacional do Café, especialista tira dúvidas sobre uma das bebidas mais amadas pelo povo brasileiro
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Que o café é amado pela maioria dos brasileiro não é nenhuma novidade. Mas, você sabe a diferença entre o café tradicional que compramos no supermercado para um café especial? É melhor comprar em grãos ou moído? Colocar açúcar “estraga” o sabor da bebida? A sócia da Academia do Café, escola de preparação e degustação em Belo Horizonte, Júlia Fortini, responde essas e outras dúvidas no Dia Internacional do Café, celebrado nesta terça-feira (1º).
Tradicional e especial: qual a diferença?
Uma das dúvidas mais comuns é sobre a diferença entre os tipos de café. De acordo com Júlia, existem basicamente cinco tipos principais: tradicional, extraforte, superior, gourmet e especial. Os cafés tradicional e extraforte são compostos de grãos quebrados e substâncias externas – como galhos e folhas.
“É como se fosse o ‘resto do café’. A única diferença é que o café extraforte é carbonizado para esconder o sabor das impurezas. Por isso ele é tão amargo e é quase impossível tomá-lo sem açúcar”, diz.
Já o café superior é um pouco melhor que os dois anteriores, com menos substâncias externas. Porém, os grãos ainda não são tão selecionados.
“Depois disso temos o gourmet, que é um pouco melhor. São grãos bons, mas ainda não é o ápice da qualidade. É aí que entra o café especial, que tem uma seleção rigorosa, que exclui grãos verdes e quebrados. Também é pensada a melhor forma de torrar para extrair o melhor daqueles grãos. Você consegue rastrear todo o processo e saber a origem da produção”, explica.
Para ser classificado como especial, o café precisa marcar, pelo menos, 80 pontos – em uma escala de 0 a 100 – no sistema de avaliação da Specialty Coffee Association (SCA).
Grãos ou moído: o que é melhor?
Júlia também esclarece que o café que vem em grãos sempre será de qualidade superior. Isso porque o café é um produto que oxida muito rápido e, quando é moído, esse processo fica mais acelerado – pois um número maior de partículas ficam em contato com o ar.
“Após torrado, o café começa a perder qualidade a partir de 45 dias. Imagine um café que já está moído e passa meses nas prateleiras do supermercado. Mesmo dentro da data de validade, a qualidade cai muito. Por isso, é sempre melhor comprar os grãos, até para visualizar como estão os grãos e fazer uma compra mais segura”, orienta.
Pode colocar açúcar?
Apontado por muitos como um “vilão do sabor”, o açúcar não foi condenado pela especialista. “Acho que cada um tem que tomar do jeito que gosta. Além disso, é preciso pontuar que um café tradicional é bem diferente de um especial, que é naturalmente mais doce. Então, é só uma questão de costume”, diz.
Para quem está habituado ao “cafezinho de supermercado” e quer dar um passo além na experiência, uma dica dada pela especialista é investir em cafés gourmet.
“Eles ainda não têm toda a qualidade de um especial, mas são relativamente fácies de encontrar e são uma boa porta de entrada para subir de nível”, garante.
Como armazenar e preparar?
Aliada na hora de preservar diversos alimentos, a geladeira se torna uma “vilã” quando o assunto é armazenamento do café. “O produto não combina com umidade. Além disso, com o tempo, ele vai pegando ‘gosto de geladeira’. O ideal é guardar em um pote hermético e longe da luz”, ensina.
Já na hora de preparar, o ideal é deixar a água ferver um pouco antes de passar o café. Segundo ela, essa história de que a água não pode entrar em ebulição não passa de um mito. “O café foi torrado a temperaturas altíssimas, então ele suporta bem o calor.”
Outra dica é jogar água quente no filtro para tirar o “gosto de papel”. Caso a pessoa use o coador de pano, o ideal é lavar o filtro e guardá-lo dentro de um pote com água dentro da geladeira.
“Quando for usar, basta escaldar com água quente para tirar os resíduos. Também é importante ficar atento à coloração. Se tiver escuro é sinal que o coador já foi bastante usado e precisa ser trocado”, salienta.
Fonte: O Tempo