Álvaro Damião assume a capital mineira com o objetivo de atuar para apagar focos de incêndio que ele mesmo alimentou
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Crédito: Quinho
Álvaro Damião (União Brasil) começou ontem oficialmente sua jornada como o titular da Prefeitura de Belo Horizonte. Com a licença médica de 15 dias de Fuad Noman (PSD) publicada no fim de semana, os trabalhos do ano começaram com o vice à frente das atividades do município. Para oficializar a abertura dos trabalhos também nas redes sociais, ele publicou uma foto sentado à mesa com o secretário de Relações Institucionais, Paulo Lamac; o procurador-geral Hércules Guerra; o recém-nomeado chefe da Secretaria-Geral, Jorge Prym; o chefe de gabinete, Daniel Messias; e o líder do governo na Câmara, Bruno Miranda (PDT).
Damião assume a prefeitura de forma oficial tendo como uma de suas atribuições apagar incêndios originados de sua atividade nos bastidores enquanto ainda não exercia as funções de prefeito. O período pós-eleitoral no Executivo da capital mineira foi marcado pela suspensão das negociações da transição de legislatura diante das sucessivas internações de Fuad.
Foi neste contexto em que o vereador Juliano Lopes (Podemos) montou uma sólida articulação em torno de sua candidatura à presidência da Câmara, quase o tempo todo como o concorrente único. Foi só na última semana do ano, com Damião à frente da Secretaria de Governo, que o nome de Bruno Miranda entrou oficialmente no páreo.
No primeiro dia do ano, Lopes levou a eleição por 23 a 18, faturou a presidência da Casa junto a uma mesa diretora de aliados e, além disso, ganhou o direito de emplacar a versão do vencedor sobre as movimentações de bastidores. Parlamentares aliados do novo presidente e que compõem a mesa diretora, como é o caso de Wanderley Porto (PRD), reclamam por não terem sido ouvidos acerca da decisão de lançar Miranda na competição.
A grita geral também se dá pelo que foi avaliado como uma negociação agressiva da PBH, correndo contra o tempo e oferecendo mundos e fundos por votos na eleição da mesa diretora. Álvaro Damião coordenou as negociações nos bastidores aliando o trabalho por trás dos panos com declarações desastradas como quando cogitou uma vitória por unanimidade da chapa governista.
Prefeito em exercício, Damião assume a capital mineira com o objetivo de atuar para apagar focos de incêndio que ele mesmo alimentou. O ex-vereador personificou a insatisfação dos parlamentares com o Executivo e, agora titular do cargo, terá a oportunidade de encarnar de vez a antipatia ou atuar para amenizar a situação.
À coluna, Bruno Miranda afirma que a situação institucional da capital será acertada aos poucos, de forma gradual e sem ansiedade. “Passado o momento das eleições, quando sempre há um tensionamento, agora é esperar o momento certo e iniciar o diálogo. A cidade está caminhando, o prefeito em exercício já se encontrou com a equipe técnica para que as coisas caminhem dentro da normalidade. De uma forma natural as coisas vão se alinhavando”, definiu.
Mesmo com os vereadores em recesso até fevereiro, a mesa diretora já recebe aliados e faz movimentações visando a composição das comissões permanentes da Casa. Os parlamentares da base, por sua vez, não se encontraram com o novo comando do Legislativo.
Os líderes de blocos parlamentares devem enviar ao presidente as indicações para a formação das comissões até esta quarta-feira (8/1). O discurso oficial é que os nomes sugeridos não serão escrutinados sob nenhum tipo de favorecimento ou perseguição, mas sem dúvida é melhor contar com um ambiente mais pacificado entre os poderes para garantir espaço a quem se comprometeu com a situação.
Assim como quando assumiu a Secretaria de Governo, Damião tem pouco tempo para trabalhar sua articulação, agora no cargo de prefeito. Os próximos dias determinarão se o contato com a Câmara Municipal desta feita será menos ou mais produtivo que da oportunidade anterior.
Fonte: Estado de Minas