A falta de áreas adequadas para a construção tem obrigado empresas do setor a adotar diferentes ações para superar essa questão

Foto: Adobe Stock / Reprodução

As incorporadoras imobiliárias em Belo Horizonte estão adotando novas estratégias para superar os desafios ligados à escassez de terrenos disponíveis no município. Dentre as ações praticadas por elas está a oferta de permutas com donos de imóveis desativados ou provenientes de heranças, além do retrofit.

O mercado imobiliário da Capital também tem apresentado uma disputa, envolvendo empreendimentos comerciais, por áreas nas regiões mais ao centro da cidade. Isso porque a proximidade com o cliente beneficia a convivência e, consequentemente, as vendas.

O executivo de novos negócios da My Mall, Leonardo Gomes, avalia que a escassez de lotes disponíveis em Belo Horizonte muda a forma como a empresa trabalha. No caso da incorporadora, especializada em street malls, ele aponta que a empresa busca localizações já consolidadas, com fluxo de pessoas e carros.

Proprietários de terrenos desativados como sócios de empreendimentos

O desafio, então, é abrir caminhos para negócios bem localizados em meio a essa escassez da comercialização de lotes. Para Gomes, a solução para essa questão está na oportunidade de parceria com proprietários de terrenos desativados. A ideia é fornecer a esses proprietários a oportunidade de se tornarem sócios dos empreendimentos, caso não desejem vender seus terrenos ou imóveis.

“Há duas maneiras de se adquirir um terreno: compra e permuta. Nós observamos que existem fatores que muitas vezes dificultam a compra. Por isso, oferecemos também a permuta como uma chance para proprietários tocarem seus terrenos parados por uma participação em um empreendimento construído”, relata.

Ele explica que, dessa forma, a My Mall consegue superar as dificuldades para obter um espaço no município e estabelecer um novo negócio de benefício mútuo, no qual consegue “capitalizar um bem que antes gerava despesas ou que não estava tão bem aproveitado, passando a gerar renda para o resto da vida”.

A incorporadora garante aos proprietários dos terrenos uma porcentagem do negócio por meio de contratos de Sociedade de Propósito Específico (SPE). A marca conta ainda com uma segurança proporcionada por contratos de locação bem elaborados, com inquilinos confiáveis.

O executivo ressalta que a taxa de vacância dos 14 empreendimentos da empresa é de 5%, e sem inadimplência.

Aposta no retrofit

Dentre as novas alternativas que têm ganhado destaque em Belo Horizonte está o retrofit, que é o processo de restaurar prédios antigos de forma a preservar a arquitetura original, oferecendo novas funcionalidades através da atualização tecnológica e legislativa.

Esse modelo se tornou o grande assunto de muitos debates relacionados ao reaproveitamento de estruturas abandonadas na cidade e, consequentemente, de terrenos.

Um dos exemplos de empreendimentos que adotaram o retrofit para restaurar uma área em desuso é o Espaço 356, do Grupo EPO. O imóvel é um dos primeiros living centers de Minas Gerais e está localizado em um terreno que, anteriormente, era ocupado por motéis na saída de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, na BR-356.

O arquiteto responsável pelo projeto e sócio fundador da BLOC Arquitetura Imobiliária, Alexandre Nagazawa, avalia que o retrofit pode ser uma potencialidade para a cidade de Belo Horizonte.

“Hoje, encontrar terrenos, especialmente nas proximidades da avenida do Contorno, é quase impossível. A oferta é maior saindo para outros bairros, se afastando. O retrofit entra, portanto, como alternativa em zonas muito centrais e que podem encontrar novas ocupações”, explica.

Nagazawa relata ainda que o uso da técnica já vem encontrando respaldo em outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, devolvendo o olhar para áreas mais centrais. Ele defende que Minas Gerais precisa superar o conservadorismo e abraçar as novas estratégias tecnológicas para uma reocupação inteligente dos espaços.

“É função do arquiteto observar o valor de diferentes construções e tirar partido disso como estratégia conceitual. Assim, podemos descortinar paisagens escondidas e manter ainda a essência e o valor arquitetônico das edificações. Tudo isso abrindo mais oportunidades de mercado”, completa.

Fonte: Diário do Comércio

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