Emater-MG lidera iniciativas para mitigar impactos das mudanças climáticas na agropecuária

Crédito: Divulgação Emater-MG

Com o agravamento das mudanças climáticas, o setor agropecuário tem enfrentado desafios para manter a produção de alimentos e a preservação dos recursos naturais. Nesse processo de adaptação, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) implementou técnicas voltadas para a convivência com a seca e para auxiliar produtores rurais a lidar com as novas condições climáticas.

Neste ano, o aumento das temperaturas médias e o déficit hídrico têm sido os principais desafios. A seca prolongada, combinada com este aumento, também resultou em um número elevado de queimadas. 

De julho a setembro, 110 mil hectares de pastagens foram atingidos pelo fogo em Minas Gerais, além de áreas cultivadas com cana-de-açúcar, café e fruticultura.

Em resposta, a Emater-MG, além da implementação de novas técnicas de plantio e cuidados com o solo, também lançou uma cartilha de orientação aos produtores sobre os riscos das queimadas e as autorizações necessárias para o uso do fogo nas propriedades. O material está disponível para consulta gratuita na Livraria Virtual da Emater.

“Estamos em um período de seca, mas com um calor atípico, o que provocou um déficit hídrico maior no solo”, afirmou o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Bernadino Cangussu. 

Ele destacou que a proteção do solo é crucial para garantir a recarga do lençol freático e a boa produção agrícola, especialmente em áreas que enfrentam estiagens frequentes.

Plantas de cobertura para conservar o solo

Uma das soluções promovidas pela Emater-MG é o uso de plantas de cobertura, que auxiliam na conservação do solo e na melhoria do sistema de produção. Essas plantas evitam erosões, aumentam a porosidade do solo e facilitam a infiltração de água.

Desde 2021, cerca de 700 unidades demonstrativas com esse sistema foram implementadas em todo o Estado, beneficiando culturas como café, frutas e grãos.

“As raízes das plantas de cobertura atingem diferentes profundidades, promovendo a aeração do solo e facilitando a infiltração de água”, explicou Cangussu. A palhada resultante dessas plantas também contribui para a proteção do solo, reduzindo sua temperatura.

A produtora Christina Ribeiro do Valle, de Guaranésia, no Sul de Minas, adotou o cultivo de plantas de cobertura em seu cafezal há quatro anos. “Essas plantas protegem o solo, diminuem a temperatura e evitam enxurradas durante o período chuvoso”, relatou a produtora.

Barraginhas e terraceamento como estratégias de conservação

Outra prática promovida pela Emater-MG é a construção de bacias de captação de água da chuva, conhecidas como “barraginhas”. Essas estruturas ajudam a prevenir erosões e a armazenar água, promovendo a recarga do lençol freático.

Além disso, o terraceamento, ou “curva de nível”, é utilizado em áreas inclinadas para reduzir a velocidade das enxurradas e aumentar a infiltração de água no solo.

De acordo com Cangussu, quanto mais água for armazenada durante o período chuvoso, maior será a disponibilidade durante a seca. “Essas práticas são essenciais para a sobrevivência dos pequenos produtores em regiões de seca prolongada”, ressaltou.

Ações no Norte de Minas

O Norte de Minas tem sido uma das regiões mais afetadas pela estiagem. Um relatório agroclimático da Emater-MG apontou que, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 170 mil famílias foram diretamente impactadas pela seca, e mais de 300 cursos d’água secaram.

Para mitigar os efeitos da estiagem, a Emater-MG tem orientado mais de 50 mil produtores na produção de alimentação energética para o rebanho bovino, com o plantio de forrageiras e a confecção de silagem.

Em parceria com as prefeituras e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a empresa também viabilizou a abertura de 8,6 mil barraginhas e a construção de 257 quilômetros de terraços nos últimos dois anos.

“Estimamos que essas ações permitirão a retenção de mais de 12 milhões de metros cúbicos de água por ano”, afirmou o gerente regional da Emater-MG em Montes Claros, José Arcanjo Pereira.

(Com informações da Agência Minas)

Fonte: Diário do Comércio

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